Dr Andre Lins – Oftalmologista

Por Dr Andre Lins

João Pessoa – PB

A tecnologia difratava dos faróis do século XIX é semelhante à das modernas lentes trincais

A presbiopia, conhecida como “vista cansada”, é mais do que uma condição física que prejudica a capacidade de enxergar de perto com o avançar da idade; ela também representa uma transformação emocional e um lembrete constante da passagem do tempo.

Felizmente, a presbiopia pode ser corrigida com o uso da moderna e revolucionária lente trifocal, que ajuda a restaurar a visão clara em diferentes distâncias, mitigando assim o impacto dessa condição.

Sumário

Presbiopia: A Jornada Emocional e a Tecnologia da Nossa Era

A presbiopia, comumente conhecida como “vista cansada”, não é apenas uma condição física que afeta nossa capacidade de ver de perto à medida que envelhecemos. É uma transformação emocional, uma marca que nos lembra da inexorável passagem do tempo.

Cada vez que uma pessoa após os 40 anos se esforça para ler um rótulo, um menu ou um livro, ela é lembrada das limitações que estão se tornando mais presentes em sua vida.

Para muitos, a presbiopia não representa apenas uma perda da visão nítida, mas uma perda da autonomia e da qualidade de vida.

A visão clara e nítida que tínhamos na juventude e que muitas vezes considerávamos como garantida, se torna um bem precioso que nos é gradualmente retirado.

 

6 curiosidades sobre as lentes trifocais:

  1. Podem corrigir a visão para longe, intermediário e perto.
  2. Podem aposentar o óculos para o resto da vida para todas as distâncias
  3. Reduzem em mais de 30% o risco de queda em idosos 
  4. Foram baseadas no farol de Fresnel
  5. No Brasil, são implantadas desde 2016

Qual Médico Trabalha com Lente Trifocal?

O médico que trata a presbiopia com lente trifocal é o oftalmologista. Trata-se do médico especializado na saúde dos olhos, responsável por diagnosticar e tratar condições oculares.

 

Dr Andre é Oftalmologista, atende atualmente em consultório na cidade de João Pessoa.

Com uma trajetória distinta na Oftalmologia, Dr. Andre Lins de Medeiros é médico desde 2012 e tem mais de 10 anos de atuação na área de correção da Presbiopia.

MÉDICO ESPECIALISTA EM PTERIGIO

Ao longo de sua carreira, Dr. Andre tem sido constantemente endossado por grandes empresas do setor. Ele é acreditado pela Alcon, Johnson Vision e Ziemer para realizar Cirurgias de Catarata e Correção da Presbiopia com o avançado Laser de Femtosegundo.

Em 2016, Dr. Andre desempenhou um papel essencial no Estudo de Aprovação do FDA (órgão que regula a autorização de dispositivos no mercado americano) da primeira Lente Intraocular Quadrifocal que corrige a Presbiopia, uma evolução do desenho óptico da lente trifocal.

Sua contribuição Acadêmica é vasta, sendo autor de diversos artigos na área de correção da Presbiopia com lente trifocal, todos publicados em revistas indexadas no respeitado PubMed.

Além de suas realizações, Dr. Andre também dedicou parte de seu tempo à educação, atuando como Preceptor de outros Médicos Residentes e Fellows da Fundação Regional de Assistência Oftalmológica, em Brasília, onde compartilhou seu conhecimento e orientou novas gerações de oftalmologistas.

Confira abaixo depoimentos de pacientes que se consultaram com o Dr Andre Lins.

Depoimentos Sobre o Oftalmologista

A Dança Luminosa da Difração: Como Faróis do Século XIX Influenciaram a Correção da Prebiopia com Lente Trifocal

1. A Engenhosidade de Fresnel

Em uma noite escura, enquanto o mar resmungava seus segredos às estrelas, os faróis do século XIX lançavam seus feixes de luz como sentinelas solenes, guiando navios errantes de volta ao porto.

Se nos detivermos para contemplar esses feixes, descobriremos um êxito da ciência e da engenharia, um prodígio que tem suas raízes em um homem e sua insaciável curiosidade sobre a natureza da luz: Augustin-Jean Fresnel.

No século XIX, os faróis eram os guardiões dos mares. Mas havia um problema.

Como poderiam esses faróis lançar sua luz efetivamente por vastas distâncias, penetrando na escuridão e no nevoeiro?

A resposta veio na forma das lentes de Fresnel.

Estas não eram lentes comuns, mas composições majestosas de lentes, que usavam a difração para concentrar e direcionar feixes luminosos poderosos para a distância através de anéis difrativos.

Quando a luz se encontrava com estes anéis, era direcionada para mais longe.

Através desta inovação, os mares tornaram-se menos traiçoeiros, os navios mais seguros.

A difração, em sua essência, é a curva e o espalhamento da luz ao encontrar um obstáculo.

É o que acontece quando a luz, em sua jornada inabalável, é forçada a tomar um desvio, a dançar.

Fresnel, com sua mente perspicaz viu além do ordinário.

Ele viu padrões, arte, ciência.

E com sua teoria da difração ofereceu ao mundo uma nova maneira de entender a luz.

Mas a dança da difração não terminou nos faróis.

A blefarite é uma das principais causas de olho seco e de queixas após a cirurgia de catarata. Saiba como tratá-la.

2. Aplicação Atual dos Estudos de Fresnel: A Moderna Lente Trifocal

Avançando no tempo, encontramos sua influência em um campo totalmente diferente: a oftalmologia.

As modernas lentes intraoculares difrativas são testemunho da contínua maravilha da difração, sendo a lente trifocal sua epítome.

Estas lentes, com minúsculas estruturas de difração, dividem a luz em vários pontos focais, permitindo que os olhos vejam tanto de perto quanto de longe.

A lente trifocal apresenta tecnologia de ponta, aqui estamos lidando com um universo micrométrico, em que as variações de altura e largura são tão minúsculas quanto 2 micrômetros (lembrando que 1 milímetro = 1.000 micrômetros).

Quando a luz encontra os anéis difrativos da lente trifocal, dependendo da altura e da largura destes, conseguimos modular a distribuição da luz e a distância focal:

  1. Quanto mais largos forem estes anéis, para mais longe a luz é focalizada.
  2. Quanto mais curtos, para mais perto a luz é focalizada.
  3. Quanto mais altos, mais luz é direcionada para este foco.
  4. Quanto mais baixos, menos luz é direcionada para este foco.
 

As primeiras lentes intraoculares multifocais foram as lentes bifocais. 

Estas lentes têm a largura dos anéis fixa, o que significa que elas têm apenas um ponto focal para perto, abaixo temos uma representação esquemática, mostrando um corte sagital (de lado) dos anéis de uma lente bifocal. 

A seta azul demonstra um anel difrativo.

Óptica das Lentes trifocais

A evolução deste padrão veio com a moderna lente trifocal, onde nós temos atualmente lentes com padrões de largura variados, onde o foco de perto aproveita a luz que foi desviada pelo foco de intermediário, em termos práticos, isso deixa a visão mais clara para perto.

Na figura abaixo, temos um corte visto de lado de uma lente trifocal. Este padrão serrilhado chama-se kinoform. A lente representada abaixo tem um foco de +1,75 dioptrias (D) no plano da lente (focaliza a cerca de 75 cm) e outro de +3,50 D (focaliza a cerca de 37 cm).

Existe uma lente trifocal fabricada no Japão que tem duas variantes, aproveitando-se da lei da óptica física, onde um anel difrativo pouco mais alto, aproveita mais luz para o foco de perto.

Denominaram desta forma duas versões para uma mesma lente:

  1. Lente Trifocal standard, com a luz sendo desviada para perto, conforme os primeiros conceitos de trifocalidade propostos por Gatinel na década passada
  2. Lente Trifocal plus, em que há mais luz sendo focalizada para perto, proporcionando ainda mais personalização.
 

Teoricamente, isso melhora a visão de perto em condições de luminosidade reduzida, melhorando a performance de leitura.

Existe também  uma lente quadrifocal, uma evolução do desenho óptico da lente trifocal, em cuja pesquisa de fase 3 participei ativamente para que esta fosse aprovada para uso no mercado americano. Nosso centro de pesquisas foi o coordenador no Brasil.

Esta lente possui 3 larguras distintas e harmônicas de anéis, uma de +2.17 D que focaliza a 60 cm, outra de +3,25 D que focaliza a 40 cm e outra de +1.085 D que é representado pela junção de dois anéis difrativos de +2.17 associado a um de +3,25 e que aproveita a visão para longe.

E assim, da vastidão dos mares à intimidade do olho humano, a difração dança sua valsa luminosa.

É uma dança que começou com a curiosidade de um homem e se estende até os cantos mais remotos da ciência e da engenharia.

E para aqueles que se maravilham com as belezas do mundo, que encontram poesia na ciência e encanto no cotidiano, a difração é um lembrete.

Um lembrete de que há maravilha em todo lugar, de que a luz, mesmo em sua forma mais pura, não é imune à dança, e de que, como disse Chesterton, “o mundo não será menos maravilhoso quando compreendido”.

A Aberração Esférica e Sua Correção nas Modernas Lentes Intraoculares

Aberração Esférica sem Correção por lentes intraoculares esféricas

Dentro do mundo óptico, a aberração esférica é uma imperfeição que ocorre quando os raios de luz paralelos que entram em um sistema óptico não convergem no mesmo ponto.

Esta aberração pode resultar em imagens desfocadas, o que agrava os sintomas da Presbiopia. 

A aberração esférica desempenha um papel crucial na qualidade de nossa visão, especialmente à medida que envelhecemos.

A aberração esférica no olho humano é uma combinação da aberração esférica positiva da córnea e da aberração esférica negativa da lente intraocular natural, o cristalino.

Em olhos jovens, até os 40 anos, a aberração esférica positiva da córnea é compensada pela aberração esférica negativa da lente, resultando em uma aberração esférica global baixa.

Contudo, à medida que envelhecemos, as propriedades ópticas do cristalino se alteram, levando a uma predominante aberração esférica positiva, reduzindo a performance óptica.

Essas aberrações comprometem o contraste da imagem focalizada na retina (o sensor óptico do olho) e impactam o desempenho visual, particularmente sob condições mesópicas (de baixa luminosidade).

Na figura abaixo está representado um sistema óptico perfeito onde todos os raios são focalizados em um mesmo ponto.

LENTE INTRAOCULAR ASFÉRICA CORRIGINDO A ABERRAÇÃO ESFÉRICA

Já nesta outra figura abaixo, há a representação de um sistema óptico com aberração esférica, em que uma parte dos raios é focalizada antes de outros, se isto fosse uma câmera fotográfica, o resultado seria uma imagem embaçada.

ABERRAÇÃO ESFÉRICA NÃO CORRIGIDA POR LENTE INTRAOCULAR

Felizmente, a tecnologia tem se dedicado a encontrar soluções inovadoras para corrigir essa aberração.

Com as lentes intraoculares asféricas, que são utilizadas na cirurgia de catarata, conseguimos muitas vezes zerar a aberração esférica da córnea, possibilitando a formação de uma imagem mais clara e nítida em todas as condições de iluminação.

Abaixo podemos observar o desenho óptico de uma lente monofocal esférica. O verde representa a área da lente com maior poder, ou seja, que desvia a luz para antes do plano focal retiniano e o azul, a área com poder mais baixo que desvia a luz para a retina (o sensor do olho).

ABERRAÇÃO ESFÉRICA DAS LENTE INTRAOCULAR MONOFOCAL ESFÉRICA

Em geral, a lente intraocular com o desenho óptico acima potencializa a aberração esférica da córnea. Quando a luz bate na periferia da lente, ela acaba sendo desviada para antes do plano retiniano, criando uma imagem com menor nitidez.

ABERRAÇÃO ESFÉRICA CORRIGIDA PELAS LENTE INTRAOCULARE ASFÉRICA

Já nesta figura acima está representada uma lente asférica, agora percebam a diferença,  ela foi desenvolvida de forma similar ao cristalino do adulto jovem, quando a luz bate na periferia da lente, ela é desviada para a retina, que é o sensor do olho, possibilitando a geração de uma imagem mais clara na maioria das pessoas.

Entenda mais sobre a cirurgia trifocal no site da Academia Americana de Oftalmologia neste artigo que citou o Dr Andre Lins de Medeiros.

CONCLUSÃO

A tecnologia difrativa, da qual o kinoform é um exemplo, tem raízes que remontam ao estudo dos padrões de difração e interferência. Nos últimos anos, houve um avanço significativo na forma como essa tecnologia é aplicada à correção da visão.

Hoje, graças a esses avanços, lentes difrativas são usadas em uma variedade de aplicações, desde a correção de visão em óculos e lentes de contato até dispositivos mais complexos usados em cirurgias oculares.

O potencial da tecnologia difrativa é vasto, e os pesquisadores estão constantemente encontrando novas maneiras de utilizá-la para melhorar a qualidade de vida das pessoas.

O futuro é promissor. À medida que a tecnologia difrativa aliada à de correção da aberração esférica continuam a evoluir, podemos esperar soluções ainda mais avançadas e personalizadas para a correção da presbiopia e outras condições de visão.

Para aqueles que lutam contra a “vista cansada”, esses avanços representam não apenas a promessa de uma visão mais clara, mas também a esperança de uma vida sem as limitações e frustrações associadas à presbiopia.

Para entender mais sobre os exames pré-operatórios que avaliam a catarata, clique aqui.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *